sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Psiquiatria ontem e hoje.

A psiquiatria é um ramo da medicina que se especializou no diagnóstico e tratamento da psicopatologia, bem como na reabilitação dos doentes mentais. O principal objectivo da intervenção psiquiátrica é o alívio dos sintomas associados à doença mental, recorrendo para isso a metodologias bioquímicas diversas - sobretudo medicamentos psicotrópicos, cuja especificidade lhes confere valor terapêutico, desde que criteriosamente prescritos (em regra, pelo médico com especialização em psiquiatria, e não pelo médico de clínica geral, como muitas vezes acontece) e também rigorosamente usados (pelo paciente). 
Apesar de sua evidente utilidade há alguns questionamentos interessantes. Assista aos vídeos e tire sua próprias conclusões.





Apesar de a psiquiatria ter raízes na Psicopatologia Kraepeliana - cujo objectivo era sobretudo a classificar [rotular] as doenças mentais - a psiquiatria moderna, enquanto disciplina científica que se soube actualizar, conjuga hoje as Técnicas Farmacológicas com os Modelos de Compreensão [empatia] da pessoa humana por detrás da doença.
Para isso, muito têm contribuído as ligações da psiquiatria com a psicologia, razão pela qual alguns psiquiatras possuem Formação Psicoterapêutica e/ou trabalham em complementaridade com Psicoterapeutas, o que permite avançar do ALÍVIO dos Sintomas para a RESOLUÇÃO das problemáticas
afectivas que se escondem por detrás dos sintomas e da própria doença mental.
Sendo reconhecido que o alívio dos sintomas (através dos medicamentos psicotrópicos) pode ajudar e potenciar o próprio processo psicoterapêutico (sobretudo em perturbações psicóticas, em fase aguda), casos há em que isso não é verdade - nesses casos, o alívio ou desaparecimento RÁPIDO dos sintomas, longe de significar o desaparecimento da patologia, vem implicar sim um ATRASO na detecção e tratamento das suas verdadeiras causas (o que pode levar a que doença se torne crónica e/ou se torne numa parte da própria personalidade do paciente).
Por tudo isto, os psiquiatras modernos e actualizados procuram chegar ao Diagnóstico Etiológico correcto (que significa procurar a Causa), em vez de rapidamente tentarem fazer desaparecer os Sintomas que são, muitas vezes, os sinais de alerta de doenças mentais graves.
Por exemplo, a INSÓNIA é uma das mais frequentes perturbações do sono: o paciente queixa-se que não dorme bem, não consegue adormecer, acorda a meio da noite ou não consegue mesmo dormir - ora, quase sempre, existem razões do foro emocional que motivam a impossibilidade de usufruir de um sono saudável e reparador. Ainda assim, para a Insónia (tal como para outras perturbações) existem 2 tipos de terapêuticas:
A) A Terapêutica Sintomática - que significa eliminar rapidamente a Insónia e dessa forma eliminar o interesse (do paciente) e a possibilidade (do médico) de investigar a causa da Insónia; o que acontece é que, como a causa persiste, o sintoma pode regressar com maior intensidade ("exigindo" outras doses ou tipologias medicamentosas), ou apenas transmutar-se em outro tipo de sintoma (perturbação alimentar, da atenção, etc.).
B) A Terapêutica Etiológica - que significa investigar em profundidade a causa da Insónia, muitas vezes ligada a um sofrimento mental profundo (Luto Patológico, Depressão, Ansiedade de Separação, etc.); outras vezes a Insónia pode ser o indicador precoce de uma doença mental de tipo psicótico. Só a investigação da causa o pode determinar.
A Terapêutica Sintomática é eficaz, mas não é eficiente, podendo mesmo ser perigosa - embora o seu perigo tenda a passar despercebido, já que se enquadra perfeitamente na modalidade sócio-cultural hoje em voga: «Se é rápido, é bom...», para além de se encaixar nas políticas de saúde das instituições ("rapidez, rapidez") e de muitas vezes corresponder ao "pedido" do paciente (que deseja ignorar, e não enfrentar ou resolver as problemáticas que verdadeiramente o afligem).
Os medicamentos psicotrópicos são aliados terapêuticos muito importantes do psiquiatra, mas não são ou não devem ser formas "estatutariamente legalizadas" para a promoção de farmaco-dependências e farmaco-manias "cientificamente permitidas". Até porque sabemos hoje que a Dependência e a Mania (que é ela própria a negação da dependência) são os pólos entre os quais transcorre a Doença Mental.
É, portanto, fundamental sublinhar que os psiquiatras não são promotores de dependência, ou seja, não são "farmaco-passadores" (ou, humoristicamente, "Dealers Legalizados"); porque a Psiquiatria («Psiché» + «iatreía») não vai no sentido da doença («Pathos»), mas sim no sentido da cura («iatreía») da psique.
Hoje em dia, os psiquiatras trabalham em conjunto com os psicoterapeutas para dar uma resposta mais ampla e completa às necessidades terapêuticas de cada paciente.

Fonte: http://www.espacopsique.com/Psiquiatria%20Principal.html

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